quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

MUNDO.


Rebeldes ucranianos mostram retirada de armas, mas Kiev desconfia

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Separatistas pró-Rússia levaram jornalistas nesta terça-feira para presenciar a retirada de armamentos pesados da linha de frente no leste da Ucrânia, como determinado por um acordo de cessar-fogo, mas o governo central disse que os rebeldes estão usando a trégua como cobertura para preparar uma nova ofensiva.

Os confrontos diminuíram no leste da Ucrânia nos últimos dias, elevando a esperança de que um cessar-fogo que estava previsto para começar em 15 de fevereiro possa finalmente entrar em vigor, depois que os rebeldes inicialmente ignoraram o acordo e invadiram Debaltseve, que estava sob controle do governo, na semana passada.

O prospecto de um fracasso do cessar-fogo provocou uma queda da grívnia, a moeda ucraniana, que desvalorizou 11 por cento, fechando o dia negociada a 31,63 para cada dólar. A divisa já havia perdido metade de seu valor desde o início do ano, o mesmo ocorrido durante 2014.

Títulos em dólar emitidos por empresas ucranianas se esgotaram rapidamente após as autoridades apertarem o controle da moeda.

Um desentendimento sobre o fornecimento de gás natural, que parecia ter sido resolvido para o inverno após um acordo ser firmado no fim do ano passado, também voltou à tona, com Moscou ameaçando cortar as remessas dentro de dois dias a menos que Kiev pague mais.

Desde que assumiu o controle do entroncamento ferroviário de Debaltseve, o que representou uma das piores derrotas de Kiev na guerra, os rebeldes apoiados por Moscou indicaram que agora desejam se submeter à trégua. Kiev diz que os rebeldes continuam a disparar, o que os separatistas negam.

Jornalistas da Reuters no território controlado pelos rebeldes viram 10 caminhões com carregamentos de morteiros atravessarem Markeevka, cidade perto de Donetsk. Os separatistas disseram que as armas eram levadas de Donetsk para Amvrosiyvka, uma cidade afastada da frente de batalha e próxima à fronteira com a Rússia.

Perto de Amvrosiyvka, jornalistas da Reuters viram um segundo comboio, carregando 14 morteiros, também seguir em direção à fronteira russa.

O comandante rebelde, Eduard Basurin, afirmou não haver planos para novas ofensivas militares. "Acabou. Não vamos avançar mais", disse.

Ele afirmou que os rebeldes ainda almejam assumir o controle de todo o território das duas províncias insurgentes no leste ucraniano, incluindo o porto de Mariupol, em poder do governo, mas que buscariam tal objetivo através de "negociações com o lado ucraniano".

Basurin também disse nesta terça-feira que 100 peças de artilharia foram retiradas ao longo do dia, e que os rebeldes tinham a intenção de concluir a retirada de todo armamento pesado, como exigido pela trégua, apesar de Kiev ter anunciado ainda não estar pronta para implantar a medida.

"Sejam quantos forem (os armamentos), serão todos retirados. A missão da OSCE vai monitorar todos os setores e confirmar se estamos mentindo ou não", disse ele a repórteres em Donetsk, fazendo referência ao órgão de segurança europeu atribuído com a tarefa de fiscalizar a trégua.

Os militares de Kiev disseram que as afirmações sobre a retirada de armas pelos rebeldes eram "palavras vazias".

"Pelo contrário, os grupos terroristas, lançando mão do período de cessar-fogo, estão reforçando suas unidades e acumulando munição."

(Reportagem adicional de Natalia Zinets, Pavel Polityuk, Alessandra Prentice e Peter Graff, em Kiev; de Katya Golubkova e Vladimir Soldatkin, em Moscou; e de John Irish, em Paris)

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