terça-feira, 31 de março de 2015

Calados, políticos baianos da Bahia aguardam nova etapa da Operação Lava Jato, inciada esta semana (Foto: Divulgação)
Calados, políticos baianos da Bahia aguardam nova etapa da Operação Lava Jato, inciada esta semana (Foto: Divulgação)
Ao aceitar a denúncia contra 27 investigados (quatro da Bahia) da Operação Lava Jato, executada pela Polícia Federal, o juiz Sérgio Moro deve começar a ouvir esta semana os depoimentos dos citados, que nessa fase podem apresentar defesa e indicar testemunhas.
Um dos depoentes será o doleiro Alberto Youssef que negociou delação premiada com a Justiça e prestou 58 depoimentos e mais trinta complementos ao Ministério Público Federal e ao juiz Moro.

Foi a partir desses depoimentos que o procurador-geral da República Rodrigo Janot encaminhou ao Supremo Tribunal Federal, pedido de abertura de inquérito contra 54 suspeitos de se beneficiarem do esquema de corrupção na Petrobras.

Envolvimento

Quatro dos citados são políticos da Bahia: o vice-governador João Leão (PP), o conselheiro Mario Negromonte do Tribunal de Contas dos Municípios, o deputado federal Roberto Britto (PP) e o ex-deputado federal Luiz Argôlo (SD).

O envolvimento dos quatro na Lava Jato, segundo Youssef, foi detalhado nos depoimentos do doleiro, acusações que estão sendo investigadas e aprofundadas agora pela Polícia Federal do Paraná e Ministério Público Federal.

O nome mais citado por Alberto Youssef é o de Negromonte. No termo de declaração 14, explica que o PP possuía um "grupo hegemônico" que o liderou de 1994 a 2011 "ou início de 2012", comandado pelo deputado José Janene (envolvido no caso mensalão).

Cabeças

Com a morte de Janene em 2010, Negromonte passou a comandar esse grupo, conforme Yousseff.

No depoimento complementar 26, doleiro reitera que, em 2010, que cada um dos quatro líderes do PP recebiam entre R$ 300 mil ou R$ 500 mil semanalmente ou quinzenalmente, sendo Negromonte um desses líderes.

Youssef disse ter entregado dinheiro às vezes pessoalmente a ele nos apartamentos de Negromonte em Salvador e em Brasília.

"Menor relevância"


O vice-governador João Leão e o deputado Roberto Britto são citados em vários depoimentos repetidamente numa mesma circunstância. É quando o doleiro se refere à suposta repartição da verba destinada ao PP, obtida através das propinas pagas pelas empreiteiras. Nos termos de colaboração 14 e 17, diz que "havia outros deputados do PP, cuja posição era de menor relevância dentro do partido, que recebiam entre R$ 30.000,00 a R$ 150.000,00 por mês". Entre os deputados "que tem certeza de que receberam valores", estão Leão e Britto.

O ex-deputado Luiz Argôlo é citado no Termo de Colaboração 54. Chamado de João Argôlo ( o nome completo é João Luiz Correia Argôlo dos Santos) do documento, o doleiro disse que em 2012, o então parlamentar adquiriu um helicóptero usado, modelo "Robson 44", e pediu dinheiro emprestado a Youssef para pagar as prestações.

O doleiro disse que propôs comprar a aeronave e a emprestar para uso em campanha eleitoral. Avisou que Argôlo perderia o valor pago de entrada, pois usaria o helicóptero até a campanha de 2014.

Youssef pagou R$ 700 mil pela aeronave pelo qual não recebeu nenhum valor pelo empréstimo ao deputado.

No mesmo depoimento diz que, "conforme declinado anteriormente, João Argôlo fazia parte do rol de parlamentares do PP que recebia repasses mensais a partir dos contratos da Diretoria de Abastecimento da Petrobras".

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